O escritor e psicólogo inglês Tony Buzan desde muito cedo se interessou pelo conceito de memória e ao longo de sua vida se dedicou a elaborar maneiras de aprimorar e expandir a memória a fim de usar o cérebro da forma mais eficiente possível. No início dos anos 1970 desenvolveu a técnica Mapa Mental, com o propósito de registrar o pensamento de forma mais criativa, flexível e não-linear.
Segundo Buzan (2009) os mapas mentais constituem uma ferramenta dinâmica de aprendizagem, pensada para armazenar, organizar e priorizar dados, ideias e informações. São desenhados em forma de neurônios, considerando a eficiência destas estruturas naturais que estimulam o cérebro humano a ser mais eficiente. Os mapas traduzem representações de ideias e conceitos de forma completa e imediata, trabalhando palavras e imagens-chave.
Explica ainda que o cérebro é um processador extremamente eficiente, que realiza incontáveis reflexões e possui cinco funções principais:
- Recepção (através dos sentidos);
- Armazenamento;
- Análise (organização das informações);
- Controle (do modo de gerenciamento dos dados); e
- Expressão (por meio de pensamentos, fala, entre outras formas de manifestação).
O autor destaca a linearidade presente no modo como falamos e escrevemos, nas instituições de ensino e no trabalho. A limitação presente nesta abordagem dificulta a percepção da essência do assunto. Ressalta que, o cérebro é um órgão multidimensional apto a receber e a interpretar informações por recursos mais criativos e multifacetados do que palavras escritas e faladas e que a mente entende uma ideia não-linear por estar projetada para isso.
“Um neurônio pode possuir de dezenas a milhares de prolongamentos, ou ‘tentáculos’, chamados dendritos. Conectados entre si pelos dendritos, os neurônios enviam informações através do cérebro e da medula espinhal para todas as partes do corpo. A transmissão de cada pensamento, sentimento, sensação, gosto, orientação ou lembrança é mais rápida do que o deslocamento de uma bala disparada de uma arma. As informações, que partem de um ponto central, emitem uma série de dados que se conectam dando origem a associações imediatas no cérebro e criando canais de informação que se fortalecem sempre que a experiência se repete.” (BUZAN, 2009, p. 11).
BUZAN, 2009
Palavras-chave e contextos são ativadores essenciais da memória. A compreensão e interpretação da realidade são favorecidas pelas redes existentes em nossas mentes. O cérebro não trabalha de forma linear, mas sim em várias direções simultaneamente (a partir de ativadores centrais existentes nas palavras e imagens), o que Buzan denomina como “pensamento radiante”.
“[…] os pensamentos se irradiam de dentro para fora, como os galhos de uma árvore, as nervuras de uma folha ou os vasos sanguíneos, que se propagam a partir do coração. O cérebro tem a capacidade de criar uma infinidade de ideias, imagens e conceitos. Um Mapa Mental é projetado para trabalhar do mesmo modo que esse órgão e é uma representação, no papel, do Pensamento Radiante em ação. Quanto mais você conseguir armazenar informações de uma forma que se assemelhe à maneira como o cérebro funciona naturalmente, mais facilidade ele terá para se recordar de fatos importantes e memórias pessoais.”
BUZAN, 2009
Podemos entender palavra-chave como aquela que simboliza uma determinada imagem ou conjunto de imagens. E imagem-chave como aquela que “quando enviada ao cérebro, resgata a lembrança não apenas de uma única palavra ou frase, mas de uma série de informações relacionadas de um modo multidimensional” (Buzan). A palavra-chave ao ser transformada em imagem-chave visa conectar as funções dos lados esquerdo e direito do cérebro, irradiando conexões e levando a lembrança de informações combinadas.
Orientações
A seguir, algumas orientações para elaboração e utilização do mapa mental:
- Definir um objetivo e desenhar uma imagem central que irá simbolizá-lo;
- Usar imagens em diversos lugares do mapa;
- Organizar e estruturar as ideias, definindo as Ideias de Ordenação Básicas – IOBs, que representam temas essenciais em torno dos quais podem ser associados outros conceitos;
- Criar ramificações (primárias, secundárias, terciárias,…) conforme os pensamentos associados e derivados;
- Usar várias cores, do modo a estimular a memória, a criatividade e a percepção visual;
- Variar tamanhos de letras, linhas e figuras, estabelecendo níveis de importância e hierarquia conceitual;
- Estabelecer associações, mediante o uso de setas, códigos, cores, etc;
- Ser claro, usando uma palavra por linha, escrevendo em letra de forma, conectando as linhas, e desenhando com clareza.
No que concerne à educação, o ensino convencional adota o uso de listas e anotações lineares e monocromáticas. Tal método limita o pensamento e inibe as possibilidades de conexões que a mente naturalmente é capaz de estabelecer. Portanto, quanto mais novo o indivíduo mais aberto estará aos benefícios dos mapas mentais, que poderão ser usados por toda a vida. Mas, mesmo para crianças mais velhas e para adultos os mapas se mostram úteis, podendo tornar o aprendizado mais prazeroso, fácil e dinâmico.
Benefícios
Estão entre os benefícios do uso dos mapas mentais no ensino:
- Servir como ferramenta para um exercício em equipe;
- Tornar as aulas mais dinâmicas e espontâneas;
- Permitir a edição das aulas com facilidade;
- Facilitar o ensino de pessoas com dificuldade de aprendizado, uma vez que é voltada para a criatividade e para o apelo visual;
- Evidenciar as relações entre as ideias, proporcionando um entendimento contextual;
- Focar apenas nos tópicos relevantes, não sobrecarregando os estudantes com extensas anotações;
- Permitir a visualização das partes no todo e do todo nas partes, simultaneamente.
Ao se desenvolverem as habilidades para criações de mapas mentais, tem-se acesso a dois conjuntos de estrelas no cérebro:
“O primeiro deles se compõem dos neurônios – milhões de minisupercomputadores que têm a forma de estrelas que irradiam luz. O outro conjunto é o universo ilimitado, habitado pelas estrelas do seu pensamento: o centro das suas ideias, que irradiam associações e que estabelecem conexões umas com as outras em redes de transmissão infinitas. Esses dois sistemas formam a base do Mapa Mental, que é um reflexo desses universos”.
BUZAN, 2009
Fontes consultadas:
BUZAN, Tony. Mapas Mentais. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
____________ Memória Brilhante. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.